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martes, 13 de septiembre de 2011
Liberté
martes, 20 de octubre de 2009
Oculto Dissonante - 3
Escuto uma briga, Pablo, Manu e Juan discutem, alardeia pela sala encardida certa desarmonia. O ar se torna brusco e rudimentar. Ignoro mas meu estar canta a preocupação. Após gritos e ganidos, saio do quarto, do “buraco”, dou bom dia sem bom, e toco pro estúdio, lá, clima, provavelmente pior que aqui não há. A realidade fora das cobertas rompe o meu medo e aniquila meu eterno procrastinar. No estúdio, ninguém, paz absoluta e portas abertas pro meu livre criar. O ensaio seqüente me grita o desancorar. Aqui posso ser fiel a minha própria filosofia do intuir, enfrento a euforia exacerbada e sem pensar em qualquer coerência vou direto aos focos de luz trabalhar brilho, quantidade, contrataste e difusão dos objetos a serem clicados. Ventilador do passado e vaso de flor ao lado. Com iluminação frontal baixa alcanço o universo onírico presente em meu inconsciente. Duas horas depois resulto por satisfeito. A fome bate e é hora de voltar a casa transmutada em antro agonizante. Juan, não está! Manu e Pablo sim! Indiferente! Hoje faz sol e o horário de verão pede um passeio pelas ruas de “Lavapiés”, Diana me liga e o plano é adentrar a noite de verão se refestelando com “copas e tapas”. Em pouco menos de meia hora Diana chega ao meu encontro e com sua verve falante me lança as ruas de Madrid. Na calçada bar a bar vamos distanciando-nos da atmosfera amarga do porvir. A noite é longa. Diana é uma apreciadora do andar sem rumo. Ziguezagueando os chineses de cerveja quente pouco a pouco encaramos o fim do respirar aliviado. A conversa foi boa, passou rápido e Diana entornou suas essenciais garrafas de vinho. É chegada a hora da volta. Diana fica por Atocha, seu QG, eu caminho adiante, á volta ao buraco não me agrada, mas é onde vivo, ou pior, sobrevivo. Chego, encaro a porta, a chave. Adentro a gruta. Com meia fome resolvo fazer uma torrada com manteiga, fecho a porta da cozinha, mas logo em seguida sou interrompido por Manu que de toalha enrolada ao corpo me caga na cara seu banal recado: - Estamos com um cliente no quarto e Juan não sabe. Pensa que é nosso amigo. – Em seguida lança uma risadinha menina. Absorto, revelo o esgotamento do suportável, viro a cara e continuo com a torrada, trabalho nela tentando entender o que existe na cabeça desses caras. Merda? No que me perco no devaneio de como poderia acabar com aquilo, Juan adentra a cozinha pedindo o silêncio impossível de se ter numa casa onde ratos se escondem do real, entre paredes tão gastas quanto suas próprias cuecas. A coisa começa a esquentar, Juan me encara menina brava. O que resta do meu “deixa disso” ameaça escapar. Um pouco escapa. Rispidamente respondo a Juan que eu pago o aluguel para usar a cozinha a hora que me for necessário. Juan tentando não perder o ar de quem manda, me diz: - Sim coma, pode comer, mas faça menos barulho. Tentei imaginar o barulho da faca na torrada. E então Manu me confessa que Juan está bravo por causa do tal novo amigo de Ignácio e Manu. Engulo seco o resto da torrada e saio da cozinha em absoluto silêncio. Não há nada mais para ser dito nem perguntado. Deitado em meu quarto puxo o sono no aguardo do “amanhã é outro dia”. Não é! Pela manhã sou acordado com Ignácio espancando minha porta. Antes que ele pudesse completar que Manu o havia abandonado e fugido com o novo amigo-cliente, abro a porta e vejo o argentino afogado em lágrimas. Gostaria que não tivesse sido assim, gostaria de ter conseguido agüentar mais um pouco, mas o futuro do pretérito não existe. O meu “deixa disso” se vai por completo e quando vejo, estou sobre Ignácio batendo sua cabeça contra o chão, tentando enfiar nela um pouco de bom senso.
jueves, 4 de junio de 2009
Oculto Dissonante 2
Dez horas da noite e o céu travestido de “fim de tarde” me confunde a noção de dia, noite, madrugada, manhã e tarde. O café da manhã vira jejum, almoço janta e janta larica. A “ciesta” castiga a minha a ordem da desordem e transforma minha completa inabilidade com o tempo em paradigma do fracasso. Trens se despendem ao meu chegar, ônibus tardam ao meu esperar, metrô me mete embaixo da terra feito rato no buraco. Hora e hora e meia para alcançar, pra chegar e somente estar. Encarnecido me desdobro na indolência do meu cronometro afim de conseguir chegar em casa antes do escurecer, não é difícil, ainda são oito da noite. Chego em casa, uma hora depois, o estúdio é longe e a casa distante. O roteiro é o mesmo, enfio a chave amarela na fechadura da porta de vidro, adentro o hall, subo a rampa e mais uma vez chave amarela na segunda porta, o bairro não é acolhedor tampouco seguro. Já a frente do elevador modelo oitenta e dois, aperto o botão e digo “Hola” a senhora que me encara como imigrante, visita sem convite, bicão em festa prive. Ignoro. Chave vermelha na fechadura de casa e a música popular merda espanhola expelida do rádio de Juan me faz lembrar que eu não queria voltar para cá. A fumaça de tabaco empesteia o ar e vejo ao fundo Pablo com garrafa de run e Manu assistindo a mais pura bosta da televisão espanhola, aliás, me indago absorto no caos dessa epifânia barata, que caralho esses dois estão querendo? Esquece. Eles não sabem, o ar se torna cada vez mais fétido e podre e eles definham tão rápido como cadáveres ao céu de urubus, a degradação exala dos olhos, bocas, ouvidos, narinas, pele, poros e cús. Logo sou convidado a me sentar e tomar uma “copa”, claro recuso e me dirijo ao quarto, “meu buraco”. Deito a cabeça sobre o travesseiro, ao meu lado vejo revistas de teatro, canto desarrumado e a iminência da minha agressiva consciência me violentar indagando aonde vim parar e o que exatamente vim fazer aqui, respondo de pronto quase sem pensar: Me livrar de mim mesmo!!!Que bom! Sinal que apesar da insana vontade do novo, eu continuo comigo. Porque sei que quando estive só foi triste e inevitável, mas o só sem ao menos eu comigo foi quase triste fim, sem fim. Não obstante vivo o novo e me jogo ao desconhecido, afinal de contas, vim buscar também a hibridez que me faltava. Saio do quarto, um banho pode revigorar a pele encardida do bruto dia. Sim, revigora e me mantém de pé pra buscar na cozinha abafada e escura, o meu “bocadillo” de “chorizo” e copo d’água. Na sala Pablo me mira e eu penso, me erra! Mais uma vez vem demente vomitar merda e sangue, aqui, bem aqui no meu nariz. Manu, se mantém concentrado na confecção do único bamba leão da noite. Com o sorriso de canto Pablo esquiva a cabeça para o lado e me fala, sem dó: Comemos o marido do Juan! Eu exclamo ancorado na falta do crível que poderia ser tal situação. Que? E ele me conta que pela manhã, o marido de Juan, Santiago, um velho senhor de cinqüenta e tantos anos, estatura pequena beirando um metro e sessenta e pouco, fanático por tênis e dono de um grande castelo em Cáceres, colocou os dois pra trabalharem, a festa foi além e eu em meu buraco sem saber e nem escutar nada, deve ser o sono enfrentado pelo dia. Sabendo que nada disso me interessa, resgato meu único e possível sorriso enterrado no meu intestino para com uma única frase terminar o monólogo de Pablo. Cara, eu estou com pressa, não me leva a mal, mas tenho que ir nessa! Sim, a hora agora é de respirar, cortar o ar, descer a rampa e encontrar o meu retiro, ali no próprio “Retiro”. Juan chega em casa e me pergunta o que está rolando. Então eu respondo que alguma coisa sempre está rolando, pego meu skate, e coloco os fones de ouvido, ao melhor cortar o ar e ouvir em alto e bom som o reggae de Alborosie............Zin Blin Don Don! Zin Blin Don Don!
jueves, 14 de mayo de 2009
Y Ahora?
llega el verano